quarta-feira, 11 de julho de 2012

Jaqueira

A cidade de Jaqueira fica a cerca de 11 km de Maraial, às margens da PE-126, separada desta pelo Rio Pirangi.
No centro da cidade, encontramos a Praça de Nossa Senhora Aparecida, a imagem da santa e a Igreja de mesmo nome, além da Estação Ferroviária de Jaqueira (bem conservada) e a imagem do Padre Cícero na lateral, um pouco atrás.

Praça Nossa Senhora Aparecida, com a Igreja de mesmo nome e a   Estação Ferroviária .
Igreja de Nossa Senhora Aparecida, Estação Ferroviária e Imagem do Padre Cícero.

Atrativos:

Segundo divulgação da Prefeitura, o município reserva para o visitante um fantástico passeio por trilhas ecológicas, assim como inúmeros atrativos naturais, como a Serra do Urubu e a Serra do Espelho.
Entre elas, ainda existe uma parte de Mata Atlântica preservada pela iniciativa privada, a qual procura-se manter através do replantio de árvores com o acompanhamento especializado.

Histórico do Município (Fonte: Site da Prefeitura Municipal-jaqueira.pe.gov.br)
Os Primórdios
Nas primeiras décadas do século XIX, por volta de 1820, todo sistema de abastecimento de gêneros alimentícios e vestuários dos povoados, vilas, distritos e cidades nessa parte da mata sul da Província Pernambucana, era transportado por animais de cargas em grande número formando tropas, os donos desses animais os almocreves, se dirigiam até a localidade de Una, hoje Palmares para carregarem a sua tropa com todos os tipos de mercadorias disponíveis na época, quando então retornavam ao distrito de Lagoa dos Gatos, um dos principais centros distribuidores da região.

O distrito de Una pertencia ao município de Água Preta, porém com a construção da Ferrovia ligando a capital da província até lá, inaugurada em1882, a pequena localidade começou a prosperar em tão grandes proporções que logo ultrapassou em volume comercial a sede da cidade.

Cinco anos após a inauguração da Ferrovia ligando o Recife até Una, ou seja, em 1887, foi aberto o tráfego à estação Garanhuns.

Portanto, o período áureo dos almocreves nesse trecho comercial, que compreendia de Una a Lagoa dos Gatos, se deu até os anos de inauguração das Estações Ferroviárias ao longo do trecho da Ferrovia Sul da Província Pernambucana.

No período do verão, os almocreves, na viagem de volta aproveitavam para descansar com sua tropa à sombra de duas frondosas JAQUEIRAS, (Artocarpus Integrifólia) com o passar do tempo às árvores começaram a ser um ponto de parada obrigatória entre eles, uma dessas centenárias árvores, ainda hoje, está em pleno vigor, localizada no centro da Rua do Quadro, local onde começou a povoação e, continua a frutificar, oferecendo aos filhos da sua terra frutos doces e saborosos.

O lugar de descanso desses almocreves passou a ser um ponto de referência, onde se marcava encontro entre eles, nascendo ali um pequeno comércio e algumas residências de taipas e pau-a-pique cobertas de sapé dando origem ao povoado de JAQUEIRA.

Segundo referência no Diccionário Chorográphico, Histórico e Estatísticode Pernambuco, em 14 de fevereiro de 1899, Jaqueira era um povoado pertencente ao município de Palmares, estava situado à margem esquerda do Rio Pirangi em solo um pouco elevado, existiam 20 casas sendo três sobrados, não havia nenhuma capela na localidade. A via-férrea Sul Pernambuco já funcionava e a sua estação ferroviária já havia sido inaugurada em 28 de setembro de 1883, sua distância à sede Palmares era de 31.010 km.

A quantidade de residências no local foi aumentando, novos moradores foram chegando, começaram a se estabelecer e, a povoação é elevada à categoria de vila.

A vila se resumia ao pátio da Rua do Quadro, Rua da Pitombeira, Rua do Visconde, Rua da Itália e a Rua do Olho, que antes se chamava Rua Frei Caneca.

Com o passar dos anos, a vila foi crescendo e foram surgindo novas ruas, becos e vielas.

Aos domingos eram realizadas as feiras livres à sombra das duas frondosas árvores, mas tão logo a feira terminava, o que sempre ocorria por volta das dez horas era celebrada uma missa embaixo delas, pelos frades Capuchinhos, que naquela época já administravam a Colônia Orphanológica Isabel, em Pimenteiras (Frei Caneca).
Famílias que Começaram a sua Construção

Em meados do século XIX, as famílias: Pellegrino, Guerra, Estevão, Monteiro e Biggio vieram residir na vila de Jaqueira, o patriarca da família Guerra, Senhor Philemom Guerra residia na antiga Rua do Olho, (atual Avenida Francisco Pellegrino nº 296), em um sobrado ainda hoje edificado, que é a residência oficial da família Guerra, casou-se com a senhora Leocádia dos Santos Guerra.
O patriarca da família Pellegrino, senhor Francisco Pellegrino, residia na Rua da Itália, (cuja denominação, se deve ao fato de que os italianos lá residiam), ambos os patriarcas que eram amigos, resolveram desviar o Rio Pirangi, que naquele tempo possuía um volume d’água duas vezes maior do que hoje e, cujo leito corria onde está atualmente localizada a Rua Dioniso Pereira da Costa, proporcionando um maior espaço físico para a comunidade.

Os construtores da família Estevão, não somente construíram a igreja católica de Jaqueira, como também a maioria das casas residenciais existentes na antiga Rua do Olho.

Ainda hoje, são visíveis os traços característicos das construções à italiana daquela época nas diversas residências ao longo da antiga Rua do Olho, com destaques para as ornamentações artesanais em alto relevo nas fachadas de algumas casas.

Os Biggio, família originária também da Itália, permaneceram pouco tempo em Jaqueira, porém alguns se destacaram, principalmente o senhor Francisco Biggio, que era um exímio pintor no estilo Renascentista e foi o responsável pela esplêndida pintura do teto e afrescos da capela do Colégio São Joaquim, em Frei Caneca, no ano de 1872, projetada pelo Frei Francisco Maria de Vicência com um estilo idêntico ao pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano Michelangelo, o mesmo que pintou o teto da Capela Sistina com cenas do Velho Testamento, no Vaticano em Roma.

A Estação da Ferrovia The Great Western of Brazil Railway Company Limited em JAQUEIRA foi inaugurada oficialmente em 28 de setembro 1883, sua distância para a Estação Central Recife, é de 155,600m (Cento e Cinqüenta e Cinco Quilômetros e Seiscentos Metros), sua Altitude é de 175,70 metros. A maior parte das locomotivas que operavam nessa ferrovia foi fabricada na Inglaterra e os trilhos de ferro ou aço (a princípio do tipo Barlow e depois do tipo cabeça dupla).

Com a construção e inauguração da Estação Ferroviária de Jaqueira, em 28 de setembro 1883, nossa vila começa a prosperar, juntamente com a centenária Usina Colônia, pois a Estação Ferroviária Colônia Frei Caneca, foi inaugurada oficialmente em janeiro do ano seguinte, ou seja, 1884, a usina escoava a sua produção de açúcar e álcool pela ferrovia, não somente escoava a produção, como a utilizava também para o transporte da cana-de-açúcar quando no período de sua moagem, apesar de que, a mesma já havia construído uma pequena ferrovia particular em suas terras, utilizando seis pequenas locomotivas importadas da Inglaterra para o transporte da cana-de-açúcar.

A partir da Inauguração da Estação Ferroviária de Jaqueira, os almocreves e seus animais de carga, deixam de transportar as mercadorias provenientes de Palmares, pois este transporte agora era feito pela ferrovia.

A Estação Ferroviária de Jaqueira foi o divisor de águas em seu desenvolvimento, antes a vila vivia isolada das demais cidades e principalmente da capital Recife, com a construção da linha Sul da Ferrovia, Jaqueira teve acesso às demais cidades e ao litoral pernambucano.
História da independência de Jaqueira.
Com o progresso do distrito cresceu também o sonho de liberdade do seu povo.

Em 1994, por proposição do ilustre Deputado Estadual Carlos Rabelo, é apresentada na Assembléia Legislativa do Estado, Projeto de Lei criando o município de Jaqueira, após muitos embates e entraves burocráticos, finalmente o projeto vai a plenário e é aprovado.  A aprovação do projeto condiciona a sua sanção após “Referendum” plebicitário à população do distrito, Os dois grupos políticos antagônicos existentes em Jaqueira, com algumas dissidências, comungavam um mesmo ideal: Prioridade nº 1, “Tornar Jaqueira uma cidade livre e próspera”, ambos os grupos fazem campanha com esse objetivo, realizaram-se passeatas, discursos, comícios de conscientização etc.

No dia 03 de setembro de l995, um belo domingo de sol, festa e júbilo, a sua população votante, alegremente vestindo suas camisetas, portando suas faixas com palavras de ordem e suas bandeiras pró-emancipação, comparece quase que unanimemente às urnas para a consulta plebicitária realizada pelo Egrégio Tribunal Regional Eleitoral, quando diz SIM à emancipação.

Logo após o resultado das urnas, no mesmo dia, o que se vê é muita comemoração, confraternizações, queimas de fogos de artifícios, música e alegria adentrando a madrugada do dia seguinte.

Finalmente em 28 de setembro de 1995, o então governador do Estado, Miguel Arraes de Alencar, acatando a decisão soberana da população Jaqueirense, sanciona a Lei estadual nº 11.225, criando o município de Jaqueira, sendo publicada no dia seguinte, 29 de setembro de 1995, no Diário Oficial do Estado.

Nesse mesmo ano, foi plantada na Rua do Quadro, uma muda de Jaqueira, (Artocarpus Integrifólia) com sementes colhidas de uma fruta madura originada da centenária árvore, simbolizando uma nova Era.

Dados Técnicos e Geográficos do Município:
O município de Jaqueira está localizado na Zona Fisiográfica do Litoral Mata, microrregião Mata úmida Pernambucana. Predomina o clima quente e úmido com chuvas de outono-inverno, também chamado de “pseudotropical”, com precipitação pluviométrica de 1.486,3 mm. No município 29% das terras são aptas às culturas temporárias, enquanto 70% só se prestam às culturas permanentes e a pecuária. Limitações de relevo, fertilidade natural, riscos de salinidade e profundidade dos solos, constituem as principais restrições ao uso das terras nas atividades agropecuárias, distando apenas 142,2 quilômetros do marco zero, por rodovia, da capital pernambucana, limita-se ao norte com Lagoa dos Gatos, ao sul com Maraial, a leste com Catende e a oeste com São Benedito do Sul, sua área geográfica é de 111,0 quilômetros quadrados, suas vias de acesso à capital pernambucana, são as rodovias, BR 101e a BR 232, à capital alagoana a BR 101 e a BR 104, bem como para ambas as capitais, à Rede Ferroviária do Nordeste, suas coordenadas da sede: latitude, -8.727º e longitude, -35.793º,

Sua altitude é de 175,70 metros, seu clima é quente e úmido, sua temperatura média 24º, sua vegetação é de floresta Sub-perenifólia (Mata Atlântica), sua população atual compreende: 5.909 habitantes na zona urbana (50,7%); e 5.744 habitantes na zona rural (49,3%), perfazendo um total de 11.653 habitantes, segundo o último Censo Nacional, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de 2000, desse total, 50,4% são do sexo masculino (5.873) e, 49,6% são do sexo feminino (5.780), sua densidade demográfica é de 110,66 habitante por quilômetro quadrado, sua taxa de urbanização é de 57%, seu número de eleitores aptos perfazem atualmente, 7.254 cidadãos.

A lei municipal 001, de 14 de 01.1997, estabelece o organograma do executivo Municipal que passa a funcionar com: Uma Secretaria de Governo, Uma Procuradoria dos Feitos da Fazenda Municipal, Uma Secretaria de Administração, Uma Secretaria de Finanças, Uma Secretaria de Obras Públicas e Serviços Urbanos, Uma Secretaria de Educação. Uma Secretaria de Cultura Esporte e Turismo, Uma Secretaria de Saúde, Uma Secretaria do Trabalho e Bem Estar Social, Uma Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Uma Secretaria de Transporte.

Os segmentos da Sociedade no município são representados pelas mais diversas Associações de Classes, tanto na área rural, quanto na área urbana.

Por sua proximidade com o Oceano Atlântico, cerca de 100 quilômetros à leste, o qual banha o litoral sul do Estado, ele e os remanescentes da Mata Atlântica, são os responsáveis pela umidade do ar em nosso município, mas, predominando sempre, o clima quente e úmido sendo no verão, época de bastante calor, iniciando nos fins de setembro e vai até o final de março.

No inverno, época das chuvas, se inicia nos fins de março, vai até o final de agosto, quando a sua temperatura cai um pouco.

O relevo é formado por rochas do complexo cristalino, constituindo um conjunto de morros e colinas, de forma mamelonar sendo bastante variado e acidentado, não existindo dentro dos limites do município, nenhum planalto, existindo muitas serras e muitas várzeas, podendo-se destacar as serras: Do Espelho, Do Urubu, Do Quengo, Do Freire e Alto do Peba.

Fazem parte da zona rural do município, as seguintes propriedades, denominadas de “engenhos”: Gulandy, Barro Branco, Caixa D’Água, Várzea Velha, Fervedouro, Bálsamo da Linha, Guerra, Laje Nova, Boa Vista, União, Flor do Bosque, Corubas, Salgado e Olhos D’Água, cuja lavoura predominante, é a cana-de-açúcar.      

Bacia Hidrográfica:
Em dezembro de 2002, foi criado e homologado pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Una, -COHBU -, na cidade de Capoeiras, no agreste Meridional Pernambucano, a sua nascente está localizada na Serra da Boa Vista naquele município e, depois de percorrer cerca de 240 quilômetros, despeja suas águas no Oceano Atlântico, nas imediações do distrito de Várzea do Una, em Barreiros/PE. O seu escoamento é periódico até as proximidades do município de Altinho, a partir daí torna-se perene, por conta dos índices pluviométricos da Zona da Mata Sul e permanente alimentação por meios dos seus afluentes.

A Bacia do Rio Una atinge 40 municípios, sendo 32 no Estado de Pernambuco, servindo às regiões do Agreste e Mata Sul, e oito no vizinho Estado de Alagoas. Os seus principais afluentes são o Rio Pirangi, que nasce no povoado de Pau Ferro, em Quipapá, e o Rio Jacuípe, que banha parte do Estado das Alagoas, nossa Jaqueira, juntamente com mais 31 municípios, da mata sul e do agreste do nosso estado, compõem esta importante Bacia Hidrográfica.

Os esforços para o estabelecimento de políticas públicas adequadas a esse setor são recentes.Enquanto as primeiras legislações ambientais sobre o uso e o tratamento da água surgiram em diversos países entre 1970 e 1980, no Brasil a preocupação com o bom gerenciamento dos recursos hídricos só ganha impulso a partir da Constituição de 1988, que previa leis específicas e a criação de uma agência para regulamentar o acesso e proteger as bacias. Em vigor desde janeiro de 1997, a Lei de Recursos Hídricos estabelece os mecanismos e a estrutura institucional e administrativa necessários para que as políticas públicas relativas aos recursos hídricos possam ser colocadas em prática.

Ela procura assegurar a disponibilidade de água e sua utilização racional. Para isso foram criados os Comitês de Bacias Hidrográficas, que podem ser organizados pelos estados ou pela própria União. Eles funcionam como fóruns em que são discutidos os problemas relativos às bacias e são responsáveis também pela administração e pela solução dos conflitos em torno do uso da água.

Por está localizado na região da Mata Sul do Estado, o nosso município é abundante em vários riachos, onde podemos destacar alguns como: Riachos do Amolar e São João, Riacho da Serra do Espelho, Riacho Bálsamo das Freiras, na Serra do Freire, Riacho Barra Nova, no Engenho Barra Nova, Arroio Fervedouro, no Engenho Fervedouro, Riacho do Brum, no Sítio Brum, Riacho da Borracha, Riacho Laranjeiras, com nascente no Sítio Pedra Branca, Riacho Taquara, ao Sul de Maraial, Cachoeira da Mãe Tereza, no Engenho Mãe Tereza e etc.

A Economia do Município:

O município tem como fonte principal de sua economia, a agricultura da cana-de-açúcar, seguindo-se do cultivo primitivo da banana, mandioca, laranja, manga, abacaxi e jaca, bata doce, inhame, milho e feijão.

A banana é a segunda fonte principal na economia do município, plantada por pequenos proprietários de terras, ou posseiros, produz o ano todo sendo comercializada em sua quase totalidade nas capitais: Recife e Maceió, como também, em algumas cidades pólos, como Caruaru e Palmares, uma pequena quantidade, é vendida nas feiras livre da região.         

Dados Econômicos:
Segundo dados do IBGE, as principais culturas agrícolas permanentes no município de Jaqueira, em 2001, apresentaram os seguintes índices: Variável: Banana, área destinada à colheita: 250 hectares.
Área colhida: 250 hectares;

Quantidade produzida: 325 mil cachos;

Rendimento médio: 1.300 cachos/hectares.

Valor da produção: R$ 585.000,00. (Quinhentos e oitenta e cinco mil) Reais.
Variável: Cana-de-Açúcar.

Município: Jaqueira, desempenho em 1999:

Área Plantada: 6.020 hectares, área colhida: 5.500 hectares, quantidade produzida: 264.000 toneladas, rendimento médio: 48.000 kg/hectare. Valor da produção: R$ 4.577.000,00 (Quatro milhões, quinhentos e setenta e sete mil) Reais.

Variável: Feijão.

Área plantada: 300 hectares, área colhida: 126 hectares, quantidade produzida: 58 toneladas, rendimento médio: 460kg/hectare. Valor da produção: R$ 47.000,00 (Quarenta e sete mil) Reais.

Variável: Milho.

Área plantada: 120 hectares, área colhida: 98 hectares, quantidade produzida: 30 toneladas, rendimento médio: 306kg/hectare. Valor da Produção: R$ 10.000,00  (Dez mil) Reais.

Variável: Mandioca.   Área plantada: 10 hectares, área colhida: 9 hectares, quantidade produzida: 8.000kg, Valor da produção RS$ 5.000,00 (Cinco Mil) Reais.
Sua Secular História.
Para que possamos entender melhor a história desse Educandário, necessário se faz, que busquemos elementos nos primórdios do Brasil Imperial.

Tudo começou no Sítio Pimenteira na década de 1820, as constantes agitações de banditismo, solapavam a vida laboriosa das populações agrícolas.

Pimenteira, uma vasta região no sul da Província Pernambucana, compreendia todas as terras onde hoje estão localizados o povoado de Frei Caneca, Pindoba e Marmota, esta região era subordinada aos caprichos vandálicos de um grupo de malfeitores, chefiados pelo temível rústico e impiedoso cangaceiro Vicente de Paula.

O grande Sítio Pimenteira pertencia ao General reformado Francisco José Souza Soares de Andréa Pimenta, daí originou-se o nome de sua propriedade “Pimenteira”, que nasceu em Lisboa em 1781 e naturalizou-se brasileiro, faleceuem São José do Norte, no Rio Grande do Sul, em 1858, chegou ao Brasil como oficial da frota que conduziu o Príncipe Regente. Tomou parte nas operações da campanha cisplatina. Comandou as forças estacionadas em Montevidéu, foi presidente das províncias de Santa Catarina, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul por duas vezes, em 1852, presidiu à comissão demarcadora dos limites do Rio Grande do Sul com o Uruguai, foi um dos baluartes da consolidação da Independência do Brasil. Cujos serviços prestados ao Império foi notório, salientou-se como um autêntico militar, foi ainda Presidente da Província do Pará quando derrotou os revoltosos da Cabanagem no Segundo Império e posteriormente combateu no Paraguai, recebeu o título de Barão de Caçapava, além de combatente, pacificador, gozava alta consideração do Império, por isso não foi de se admirar, quando o Governo Imperial atendendo as solicitações do velho General, comprou-lhe a propriedade que transformou, pelo Decreto de 09/11/1830, em Colônia Militar Pimenteira, mantendo facções do Exército em prontidão contra os inditosos bandidos para segurança e tranqüilidade da gente do campo.

Os bandidos em grande número eram co-liderados por José Joaquim de Barros e José Pedro de Souza, eles estabeleceram o seu Quartel General na Serra do Cafundó, em Lagoa dos Gatos, porque era um terreno muito acidentado, quase, todo cercado de montanhas, coberto de matas inóspitas e desconhecido, poucos lugares na região, ofereciam maiores possibilidades aos bandidos do que aquelas paragens.

As facções do Exército Imperial, sediadas na Colônia Militar de Pimenteira, também combateram na Revolução Praieira. Último dos movimentos revolucionários do Império que se instaurou em Pernambuco, de 1848 a 1849, já no final do movimento, mais precisamente em Água Preta, quando 2.000 revoltosos, liderados pelo capitão Pedro Ivo Veloso da Silveira foram derrotados pelas forças legalistas.

Quando da construção da Colônia Militar Pimenteira, foi aberto um túnel secreto, ligando o interior da mesma, às margens do rio Pirangi, este túnel era constantemente usado pelos soldados do Imperador no combate aos bandidos.

A muito custo, as tropas legalistas, conseguem estabelecer um posto avançado da Colônia Militar até onde funcionava o Comando das Forças em operação, nas proximidades da Lagoa que deu origem ao nome do município de Lagoa dos Gatos.

Pouco a pouco, os bravos soldados da Colônia Militar de Pimenteira, chefiados pelo eminente e velho General, foram extinguindo os remanescentes do caudilhismo e Pimenteira transformou-se numa região pacífica.

Somente em abril de 1869, pelo Decreto nº 4349, era declarada extinta a Corporação Militar de Pimenteira e, por determinação do Ministro da Guerra e do Ministro da Agricultura e Obras Públicas passou à administração da Província Pernambucana.

O então presidente da Província de Pernambuco, Doutor Manuel do Nascimento Portela, transformou aquele local em Colônia Agrícola Militar desde outubro de ano de 1870 e, continuou a existir como propriedade do Governo Pernambucano. O desenvolvimento da agricultura alcançara rápido progresso. Quando o Desembargador Henrique Pereira de Lucena, mais tarde Barão de Lucena, irmão benfeitor da Santa Casa de Misericórdia do Recife, sempre manteve os olhos voltados para aquela grandeza, que muito em breve como presidente da província de Pernambuco resolvera no dia 24 de março de 1873, transportar para aquela Colônia Agrícola de Pimenteira, o Colégio dos Órfãos da Santa Casa de Misericórdia do Recife.

O Barão de Lucena, que recebeu esse título por sua atuação parlamentar, presidiu a sessão legislativa que aboliu a escravatura ao aprovar a Lei Áurea. (Lei 3.353).

Colônia Orphanológica Izabel
A Excelente Administração dos Capuchinhos.

Grande foi à luta do Barão, para retirar o Colégio dos Órfãos, que desde 1863, funcionava no prédio da Rua da Glória nº 75, no Recife e, que somente pelo Ato Regulamentado de 14 de março de 1874 é que foi denominado como Colônia Industrial Orphanológica, foi uma glória para a antiga região que transformada em Colônia Orphanológica, iniciava uma nova fase de desenvolvimento. Vindo ao encontro do Barão de Lucena os desejos dos religiosos Capuchinhos que há muito, quando em suas andanças a pés naquelas regiões, detinham-se contemplando desejosos por adquirirem tão cobiçado edifício que media uma légua quadrada, com o intuito de fundarem um Orfanato.

O Barão de Lucena recebeu a solicitação dos Frades Capuchinhos, que atendendo aos seus altos propósitos, doou a esses religiosos a Colônia Agrícola, de acordo com a Lei Provincial nº 1053 de 06 de janeiro de 1872, constando na doação, matrículas anuais para 50 órfãos da Santa Casa de Misericórdia do Recife, com subvenção, desta Pia Instituição. Com a passagem à nova administração a Colônia Agrícola Industrial Orphanológia teve vultuoso impulso em todos os setores culturais e administrativos.

A Colônia teve regulamento dado pela Lei Provincial em 14 de março de 1874, e o território em que está situada, que segundo uma demarcação procedida no ano anterior, mede uma superfície de 43.360 metros quadrados, para semelhante fim, por Aviso de 18 de setembro de 1871. A esse território patrimonial da Colônia foram anexados as terras denominadas Fervedouro e Espelho, em virtude do Aviso do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas de 14 de dezembro de 1877, as quais foram convenientemente medidas e demarcadas pela Inspetoria Geral de Terras Públicas e uma sorte na propriedade Bálsamo, no valor de 2:000$000 Réis, doado pelo Padre Dr. Antônio da Cunha Figueiredo.

Da vida de Colônia até a sua conversão na Colônia Frei Caneca, a extinção desta, e o estabelecimento de um Instituto Orfanológico sob o título de São Joaquim, a cargo da Santa a Casa de Misericórdia do Recife, tratam particularmente os relatórios dos provedores da mesma Santa Casa apresentados à respectiva junta administrativa a partir de 1º de junho de 1878.

Com a vinda dos Capuchinhos para a Colônia, se caracterizou pela construção do prédio anexo à capela, pelo hábil arquiteto e construtor Frei Francisco Maria de Vicência, o mesmo que há poucos anos, tinha construído a bela Igreja da Penha. Os frades trabalharam com tanto ardor e desejo de vencerem, que na medida em que demoliam o velho quartel, iam de imediato substituindo-o por novas alvenarias com capacidade para um 1º andar, como também a belíssima Igreja em estilo toscano ao centro, cuja altura ultrapassava o respaldo do 1º andar.

A Honrosa Visita Imperial:

Em 1875 estava o novo edifício totalmente concluído e funcionando normalmente, até que em 1887, com a visita Régia do príncipe Gastão de Orleans, o Conde D’Eu e sua esposa, a Princesa Isabel, ao já famoso Colégio, o Frei Fidélis Maria de Fognano, seu primeiro e até então Diretor, combinou com seus irmãos da Ordem, para fazerem uma homenagem a Princesa, doando a nova denominação a Instituição de Colônia Orphanológica Isabel, como se comprova pelo Diploma dado aos órfãos pela grande benfeitora que foi a nossa Princesa.

O arquiteto Frei Francisco Maria de Vicência, construtor da Capela de Santa Isabel.

A Colônia teve na direção dos Frades Capuchinhos, um grande e rápido desenvolvimento, fomentaram grandes criações de gado, aves e suínos, desenvolveram grandemente a agricultura nos sítios da propriedade Pindoba e Marmota, nos quais haviam administradores e empregados fundaram um engenho de açúcar à margem esquerda do Rio Fervedouro para manutenção do Colégio, como também uma barragem, a qual fornecia água encanada, impulsionada por uma bomba hidráulica. Na agricultura, salientou-se o cultivo da cana-de-açúcar, do café, frutas regionais e o fabrico de farinha de mandioca.
A Direção da Colônia constituía-se da seguinte ordem:
Diretor: Frei Fidélis Maria de Fognano;

Ecônomo: Frei Antônio de Albano;
Mordomo: Frei João de S. Severino;

Secretário e Professor de Instrução Secundária: Dr. Orestes Formigli;

Professor de 1ªs Letras: Joaquim da Rocha Pereira;

Professor de 1ªs Letras: Firmino Farias e Silva;

Professor de Música: José Pereira de Mendonça

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