quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Pesqueira

Pesqueira é uma das maiores cidades da Região Agreste de Pernambuco. .Fica às margens da rodovia BR-232 e  à cerca de 215 km do Recife.
É famosa pela aparição de Nossa Senhora, por ter abrigado as então grandiosas fábricas Rosa e Peixe, pelo carnaval dos Caiporas e pelo Castelo.
Rodovia PE-219; Igreja de N. Sra. das Montanhas; Açougue Municipal e casario.
Nossa visita começou pelo começo, ou seja, fomos conhecer primeiro a antiga sede do município, o atual Distrito de Cimbres.
Para chegar em Cimbres, é necessário sair da BR-232 e seguir 21 km pela PE-219. A rodovia é estreita e repleta de curvas sobre a serra, mas o caminho é muito bonito, atravessando algumas regiões de mata.
Cimbres nasceu como Freguesia de Nossa Senhora das Montanhas de Monte Alegre. Há controvérsias acerca da época de seu surgimento, se em 1692 ou em 1762.
Vila de Cimbres
Cimbres é um povoado simples e silencioso. A bela e imponente Igreja parece olhar para toda a vila e as casas conservam, em grande parte, suas fachadas originais.
Um dos resquícios da época em que era a sede do Município é o imóvel com a inscrição "Açougue Municipal", em sua fachada.
Também encontramos o imóvel onde morou o Padre Rafael de Meira Lima, Vigário que chegou à Freguesia de Cimbres em 1922 e foi o primeiro a descrever o "Toré", dança religiosa dos índios Xucurus.
Aproveitamos para citar no texto do abade Pedro Roeser O.S.B.iii, em 1922, transcrito na Revista do Instituto Arqueológico de Pernambuco, 
"O Revmo. Vigário da freguesia de Cimbres, pe. Rafael de Meira Lima, teve a bondade de nos referir sobre os caboclos de Cimbres o seguinte: -Estes índios conservam a tradição de uma dança religiosa, chamada toré, a qual eles executam todos os anos, na vila, às vésperas de S. João e de S. Pedro. Apresentam-se vestidos com um enfeite de palha e ramos, trazendo a mais uma cana-de-açúcar nos ombros. Assim passam uma noite com uma dança monótona, repetindo a mesma cantiga, acompanhada ao som de dois ou três pífanos. Eles, não há dúvida, dão ou pretendem dar tais divertimentos como uma cerimônia religiosa, tanto mais que há quem faça promessa para dançar o toré, em honra de N. Sra. das Montanhas, a quem eles têm muita devoção. Dizem eles que esta imagem apareceu no tempo da catequese dos religiosos de S. Felipe Néri, que, lá, tinham um convento. Quando cheguei, em 1912, em Cimbres, ainda existiam os restos ou ruínas desse Convento, que depois passou a ser cadeia, porque Cimbres era, até 1895 ou 1870, sede do município. (Barbalho 1977: 32)"
Sítio da Guarda - Santuário de Nossa Senhora das Graças
A alguns poucos quilômetros de Cimbres, chegamos ao local da aparição de Nossa Senhora das Graças. Antes, porém, passamos por um pequeno povoado onde encontramos o nosso guia Jaílson que nos levou ao Sítio da Guarda.
Durante o passeio até o Sítio, o simpático e dedicado guia Jaílson, conhecedor da História da Região nos deu uma verdadeira aula sobre os acontecimentos relacionados à aparição da santa.
Sítio da Guarda - Local da aparição de Nossa Senhora
O local da aparição fica em uma rocha. Para chegar, devemos subir uma escadaria de vários degraus, após passar por algumas imagens de santos e um presépio em uma área onde se lê toda a "ave-maria".
Uma imagem da santa envolta em uma redoma de vidro e um altar fazem parte da área onde N. Sra. apareceu.
Tudo começou em 6 de agosto de 1936, quando duas meninas foram mandadas ao campo a fim de colher mamona. Uma chama-se Maria da Luz e a outra Maria da Conceição. Esta é de família pobre e conta 16 anos de idade, filha de um empregado do pai de Maria da Luz.
Após diversos questionamentos das autoridades religiosas da época, as investigações prosseguiram. O Pai de Maria da Luz, construiu o Santuário no Sítio e ela se tornou Irmã Adélia, passando por várias casas de congregação.

Na capela do Sítio, encontramos fotos de Maria da Luz, Maria da Conceição e do Padre Kehrle, além de muitos pagamentos de promessas e lembrancinhas à venda.

Talvez poucos em Pernambuco conheçam a História da Aparição de Nossa Senhora das Graças em Cimbres em razão de que somente em meados de 1985 a Irmã Adélia divulgou à Congregação os acontecimentos daquela época, que, até então era de conhecimento limitado.
Mais detalhes sobre a Aparição de Nossa Senhora em Cimbres podem ser lidos em: 
http://aparicoes.leiame.net/brasil/pesqueira.html
Nós com o pessoal da Secretaria de Turismo e com o Guia Jaílson, em Julho de 2015
Tivemos a sorte de encontrar o simpático pessoal da Secretaria de Turismo de Pesqueira que realizava um levantamento no local. Aproveitamos para registrar o encontro, bem como fizemos uma foto com o Guia Jaílson, o qual recomendamos para quem quiser visitar o local.
Pedra do Dinheiro
O Guia Jaílson fez questão de nos mostrar a Pedra do Dinheiro. Após uma breve caminhada do povoado, passando por uma bela paisagem verde de um sítio, chegamos ao local da rocha que fica sobre outra desafiando as leis da gravidade.
O caminho até a pedra é outra atração. A caminhada se dá a partir do povoado Papagaio.


Pontilhão Ferroviário, Ruínas da Estação e sede da Fazenda Ipanema.
Em várias regiões de Pernambuco, nos deparamos com essas magníficas e resistentes pontes ferroviárias que resistem firmes e fortes ao tempo, são os pontilhoes ferroviários da Great Western.
A Companhia Inglesa Great Western que por vários anos foi dona das ferrovias de Pernambuco trazia essas pontes diretamente da Inglaterra e, como se pode observar, tanto a base de sustentação como as barras de metal parafusadas nem de longe parecem ter mais de um século.
Detalhes da ferrovia; Capela de Ipanema.
O pequeno povoado de Ipanema era uma fazenda na época em que a ferrovia chegou na região, e, talvez por grande influência dos seus proprietários foi construída uma estação no local.
Infelizmente, a linha foi cortada, mas os trilhos permanecem no local.

Distrito do Mimoso, Estação Ferroviária e Igreja.
Depois de Ipanema, seguindo pela BR-232 no sentido Arcoverde, encontramos o Distrito de Mimoso, um belo povoado, com casas bem conservadas, uma bela Igreja e uma simpática Estação Ferroviária.
Casarão abandonado; Ponte ferroviária; Capelas em povoados de Pesqueira.

Pegamos uma estrada de terra a partir de Mimoso, paralela à BR-232, no sentido Arcoverde e encontramos uma das maiores, senão a maior ponte ferroviária de Pernambuco, próximo a um pequeno povoado, onde encontramos, ainda uma simpática capelinha.
Entradas de Pesqueira; Igreja do Colégio Santa Dorotéia; Igreja de N.Sra. da Conceição e Casa São Francisco.
As principais entradas de Pesqueira pela BR-232 têm representações dos símbolos do Município. Em uma, a imagem de Nossa Senhora das Graças remete à aparição da santa em Cimbres e na outra os Caiporas, marca do carnaval da cidade.
Os Caiporas, segundo as lendas, são assombrações que apareciam em cima das árvores, como tochas sobrenaturais e assustavam os caçadores e seus cães, pregando peças. Dizem que para "acalmar" os caiporas, eram colocados fumo e cachaça nos troncos das árvores. Atualmente, o caipora, figura do imaginário popular, é motivo de orgulho e alegria. É a principal marca do carnaval pesqueirense, se dão o tom da festa e nome ao reinado de Momo da cidade, conhecido como carnaval dos Caiporas.
Santuário Monte da Graça
O Santuário Monte da Graça fica no início do monte junto à cidade de Pesqueira. Pode ser visto de qualquer ponto da cidade, bem como da BR-232. Segundo populares, este Santuário foi construído em razão dos constantes conflitos indígenas nas proximidades de Cimbres e do Sítio da Guarda, onde aconteceu a aparição da Santa.
Santuário Monte da Graça

Do local, como pode-se ver, os visitantes têm uma vista privilegiada da cidade e de toda a região. A brisa é constante e a capela é linda. Também há um mirante e lojinhas de artesanato que remetem à religiosidade do local.
Um dos mais famosos e frequentados restaurantes da cidade, o Bar do Papa, fica quase em frente à entrada do Santuário. Abre todos os dias e as especialidades são o bode guizado e a buchada. Também tem uma filial na BR-232.

Castelo de Pesqueira

Pernambuco pode ser considerada a terra dos castelos no Brasil. Recife tem o Castelo de Ricardo Brennand, Garanhuns tem o Castelo de João Capão e Pesqueira também tem o seu castelo.
Trata-se de uma construção bem eclética e é semelhante a construções da Turquia e Rússia. Foram utilizadas peças pré-moldadas, correntes, espetos, etc. É muito visitado, mas poucas pessoas já tiveram o privilégio de entrar.

Igreja de N. Sra. das Graças; Antiga Fábrica Peixe; Rádio Jornal do Comércio; Academia das Cidades; e, Secretaria de Turismo.
Ficamos muito felizes em encontrar diversas construções de época bem conservadas. Igrejas, prédios públicos e a famosa Fábrica Peixe valem ótimas fotografias.
Prefeitura; Antiga Fábrica Rosa; Catedral de Santa Águeda ; e, Igreja Mãe dos Homens.
A quantidade de Igrejas na cidade representa a força da religiosidade em Pesqueira. As missas são diárias e nos finais de tarde sempre encontra-se alguém com um terço ou bíblia.
Outra boa surpresa foi a relativa limpeza no centro e nas principais ruas. Claro que sempre pode melhorar, mas dá vontade de voltar a uma cidade limpa, bem conservada e organizada.

Estação Ferroviária de Pesqueira.
Infelizmente, a Estação Ferroviária de Pesqueira, um dos principais atrativos da cidade, e porque não dizer, do Estado de Pernambuco, se encontra mal tratado.
A pintura desbotando, o mato crescendo e os trilhos soltos e tortos no pátio ferroviário. A caixa-d'água se encontra de pé, mas também necessita de maior cuidado. A casa do responsável pela estação fica próximo e, apesar do muro, ainda dá para ver a arquitetura característica da fachada.
O trem, que tanto trouxe progresso, com cargas e visitantes aos municípios de pernambuco, fica cada vez mais esquecido. Restaurar a linha entre essas cidades do interior do estado sairia mais barato que restaurar estradas para ônibus e caminhões.
Seminário de São José; Casarão abandonado; Praça; e, Estádio Municipal visto do Santuário.

Sem querer comparar ou deixar de lado as outras cidades, podemos dizer que Pesqueira foi melhor que a expectativa. É sempre bom se surpreender com uma cidade que visitamos. 
Normalmente dizemos que as cidades menores são as melhores para se morar, mas Pesqueira vale à pena de ser visitada e de ser adotada como segundo lar.
Ainda ficaram povoados e acreditamos que ainda existam algumas belezas naturais ainda desconhecidas a serem desbravadas no município. Quem sabe, não conheceremos no próximo ano?


Histórico de Pesqueira

A história de Pesqueira começa em fins de 1659 ou início de 1660 com a fundação de uma missão da Congregação do Oratório pelo padre João Duarte do Sacramento. Tal missão fora fundada junto à tribo cariri de nome Xukuru, que habitava a serra do Ororubá (ou Urubá, ou até Ararobá, como aparece nos registros mais antigos). O local foi batizado pelo padre de Monte Alegre, que depois se tornou Cimbres e fora elevada à categoria de vila em 3 de abril de 1762. Antes disso, segundo carta de sesmaria datada de 24 de janeiro de 1691, o lugar já era sede da Capitania de Ararobá e tinha como capitão-mor o sesmeiro Matias Sicio, que seria substituído ainda naquele mesmo ano por João de Oliveira Neves, segundo carta assinada por ele em agosto de 1691. Pelo menos até 1721, segundo documento de 4 de abril daquele ano, um manifesto em apoio a Antônio Vieira de Melo, Oliveira Neves, fazendeiro de Monte Alegre, ainda era capitã-mor de Ararobá.
Ao que parece, a dita capitania foi transferida para os Campos dos Garanhuns por volta de 1727 e não em 1700, como alguns apontam. A capitania voltaria para Monte Alegre em 1762, com a elevação da povoação à categoria de vila e sede de município.
A partir de 1800, uma fazenda começou a ser instalada ao pé da serra por Manoel José de Siqueira. A fazenda recebeu o nome de "Poço Pesqueiro" (ou "da Pesqueira", como também se encontra nos registros mais antigos) e começou a progredir com rapidez. Tanto que a 13 de maio de 1836, Poço Pesqueiro já era uma povoação vistosa e fora elevada a vila com o simplório nome de "Pesqueira". Junto com a elevação a vila, Pesqueira recebeu a sede do Município de Cimbres (que no alto da serra, já não era tão viável para assuntos políticos e o comércio). Depois disso a cidade progrediu como nenhum outro lugar do sertão, devido à instalação de fábricas de doces e beneficiamento de tomate. Em 1880 a vila foi elevada a cidade com o nome de "Santa Águeda de Pesqueira", que não vingou e recebeu o nome de "Pesqueira". A vila de Cimbres foi a ela anexada e, juntas, Cimbres e Pesqueira formaram o Município de Cimbres até 1913, quando "Pesqueira" passou definitivamente a ser o nome do Município, passando a antiga sede a mero distrito.
Fonte: Wikipédia