Salgueiro é uma das principais cidades do Sertão Pernambucano. Fica a 518 km do Recife, pouco mais de 6 horas de viagem através da BR-232, que está em ótimo estado. Dá pra sair cedinho da capital pernambucana e chegar na hora do almoço em Salgueiro.
Devido à distância, e pelo fato de ser um feriado prolongado, optamos por os hospedar na cidade pra conhecer tudo com calma.
A posição geográfica do município o deixa praticamente equidistante da maioria das capitais nordestinas e do litoral, ficando a menos de 600 km de quase todas, com exceção de São Luís-MA que é mais distante. Talvez por esse fato, pudemos ver tantas obras da Ferrovia Transnordestina e da Transposição do rio São Francisco próximas à cidade.
Outra questão interessante é que a cidade é o ponto de cruzamento de duas das mais movimentadas rodovias do Nordeste, as BRs 232 e 116, razão pela qual encontramos tantos Hotéis e Pousadas por lá.
Capela de São Francisco; Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro; Igreja Presbiteriana de N. Sra. Aparecida e Academia das Cidades. |
Depois de almoçar na excelente Churrascaria Sabor do Sertão, que fica na BR-232, em frente ao Sangueiro Plaza Hotel, onde pudemos provar o famoso Bode, fomos para o nosso hotel descansar. Acabamos encontrando uma capela em homenagem a São Francisco bem próximo. No final da tarde, entramos na cidade e fomos direto à primeira cruz que dava pra ver da rodovia. Era o Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Uma Igreja de arquitetura moderna e arredondada.
Seguimos à diante e chegamos na Avenida Getúlio Vargas, que possui praças bem cuidadas com muita pessoas realizando caminhadas no final da tarde. Nessa avenida há uma Academia das Cidades e uma bela Igreja Presbiteriana.
Praça na Av. Getúlio Vargas; Capela Mãe Rainha; Girador. |
Deu pra observar que a cidade está bem cuidada. Os prédios públicos estão bem conservados e não vimos lixo acumulado pelas ruas. Pelo menos nada nos chamou atenção quanto a isso.
Fomos ao pátio da Estação Ferroviária, mas antes registramos imagens da Capela Mãe Rainha que fica em um ponto mais alto por trás da antiga estação.
Fomos ao pátio da Estação Ferroviária, mas antes registramos imagens da Capela Mãe Rainha que fica em um ponto mais alto por trás da antiga estação.
Antiga Estação Ferroviária de Salgueiro; Espaço Cultural, antigo Armazém da RFFSA e Casa do Sanfoneiro, no pátio da Estação. |
A Estação Ferroviária de Salgueiro foi a última estação construída pela Rede Ferroviária Federal na linha centro, que inicialmente deveria ir do Recife ao São Francisco, mas nunca passou de Salgueiro.
O prédio preserva a arquitetura original. Dá pra perceber que não possui o mesmo estilo arquitetônico das estações do Litoral ao Agreste, e isso se deve ao fato de ter sido construída pela Rede Ferroviária Federal, que sucedeu os Ingleses da Great Western, pioneiros na implantação dos trilhos no Nordeste.
O pátio da estação é enorme devido ao fato de ser o ponto de retorno das antigas locomotivas, além de também possuir armazéns como os próximos à antiga Estação das Cinco Pontas no Recife.
A Estação está sendo usada pelo SEBRAE e os Armazéns atualmente formam um Espaço Cultural, o que nos faz crer que com o uso as duas construções continuarão sendo preservadas.
Também observamos que os trilhos estão em ótimas condições, embora grande parte esteja aterrado. O curioso são os pontos de cruzamento entre os trilhos logo após a estação, o que parece permitir que pelo menos duas ou três locomotivas estivessem no pátio.
No meio do pátio e aparentemente sem atrapalhar um possível uso dos trilhos, foi instalada uma Casa do Sanfoneiro. Lugar onde pode-se curtir e dançar o autêntico forró nordestino.
Monumento na Pça. da Matriz; Busto do Major Raimundo de Sá; Igreja Matriz de Sto. Antônio. |
A Praça é rodeada de casas antigas e bem conservadas. Possui um monumento em homenagem à fundação da cidade, um charmoso coreto e um busto do Major Raimundo de Sá, personagem principal da fundação da cidade e seu primeiro Intendente, cargo equivalente ao Prefeito atualmente.
Interior da Igreja Matriz de Sto. Antônio. |
No interior da Igreja destacamos os belos vitrais com imagens da Sagrada Família, Nossa Senhora e outros Santos Católicos, além das imagens de Prata das estações da Via Sacra.
|
Câmara Municipal de Salgueiro; Coreto da Praça da Matriz. |
Sobrado Antigo - Anexo da Câmara Municipal; Casa onde nasceu Raimundo Carrero; Casario da Pça da Matriz e Imagem de Padre Cícero. |
Além do belo prédio da Câmara Municipal e do anexo (primeira imagem da foto acima) na rua lateral, ao redor da Praça da Matriz encontramos uma curiosa "Casa dos Conselhos" e a casa onde nasceu o escritor Raimundo Carrero.
Na Avenida Agamenon Magalhães, passamos por essa imagem do Padre Cícero, que fica na Praça Benjamim Soares.
Praça e Busto de Edvalson de Carvalho Silva - Praça da Prefeitura; Capela de N. Sra. das Graças |
Na manhã seguinte voltamos ao centro de Salgueiro. Dessa vez fomos à Rua Joaquim Sampaio, onde fica a Prefeitura e a Capela de Nossa Senhora das Graças. Por trás da Prefeitura fica o Mercado Público e a Feira é montada nas ruas próximas.
Prefeitura de Salgueiro |
Da Praça da Prefeitura tivemos uma das melhores vistas da região. Deu vontade de subir aquela serra imponente ao lado da cidade. Tem uma escadaria que leva a um monumento construído lá em cima. Só faltou disposição.
Feira Livre e Mercado de Salgueiro; Em destaque: Jatobá. |
Sempre temos boas surpresas em Feiras Livres e Mercados Públicos em cidades do interior. Em Salgueiro encontramos um curioso fruto chamado de Jatobá. Segundo o feirante, esse fruto é colhido no Cariri, região do Sertão Cearense, e da massa que tem dentro do fruto se faz uma espécie de mingau com leite.
Capela de N. Sra. Aparecida; Açude Velho; Museu do Couro; Capela de Santa Margarida. |
Fomos até o Memorial do Couro, mas, como é comum em Pernambuco, pelo menos, Museus e Espaços Culturais tendem a não abrir nos finais de semana. Passamos pelo Açude Velho, e fomos procurar mais prédios pra fotografar.
Estádio Cornélio de Barros |
Tivemos sorte de entrar no Estádio Cornélio de Barros, e falar com alguns jogadores do Salgueiro Atlético Clube, primeiro clube do sertão a disputar a Série B do Campeonato Brasileiro e também a chegar às Oitavas de Final da Copa do Brasil.
O estádio, reformado a pouco tempo, é bem aconchegante e o gramado está em ótimas condições.
O estádio, reformado a pouco tempo, é bem aconchegante e o gramado está em ótimas condições.
Curioso Bar em homenagem ao Salgueiro A.C.; Parque das Crianças; Biblioteca Municipal; Ginásio. |
Em uma das laterais do estádio encontramos esse bar em homenagem ao Carcará do Sertão, como é conhecida a equipe do Salgueiro.
Vimos, ainda, o espaço Parque das Crianças, a Biblioteca Municipal e o moderno Ginásio que fica próximo à BR-232.
Mais fotos de Salgueiro no site da prefeitura: http://www.salgueiro.pe.gov.br/munic_fotos.htm
História de Salgueiro:
Dentre os municípios que já visitamos, a História do nascimento de Salgueiro é uma das mais interessantes.
"Dia 21 de dezembro de 1835 pela manhã, o Coronel Manoel de Sá saiu para fazer a vistoria na sua fazenda como de costume e ao entardecer regressando a sua casa sentou-se na sua cadeira para descansar.
O pequeno Raimundo de Sá, nono filho do casal não apareceu como de costume para sentar-se ao lado do pai, o Coronel estranhando sua ausência, o procurou pela casa, nos arredores e não o encontrou.
Como já estava anoitecendo e havia muitos animais e índios na região, o Coronel e sua esposa Dª Quitéria começaram a ficar preocupados com o desaparecimento do pequeno Raimundo, ordenando a um de seus vaqueiros ir até a cidade de Belém e avisar o ocorrido, formando assim um grupo para ajudar a procurar o menino. Dona Quitéria aflita com o ocorrido e pensando no que poderia acontecer com o garoto, fez uma promessa a Santo Antônio que caso encontrasse seu filho com vida, construiria uma capela em sua homenagem.
O Coronel Manoel de Sá juntamente com os vaqueiros e alguns escravos, se embrenharam na caatinga para procurar o pequeno Raimundo.
Depois de dois dias e duas noites a procura do menino, exatamente no dia 23 de dezembro de 1835, um dos vaqueiros que integrava o grupo de busca organizado pelo Coronel, finalmente conseguiu encontrar o garoto são e salvo, brincando debaixo de um pé de Salgueiro ou, segundo outra versão sobre um formoso Umbuzeiro rodeado de Salgueiros, a aproximadamente 10 Km da sede da fazenda onde a família residia, fora dos limites da Boa Vista.
Após o acontecido, o Coronel Manoel de Sá tratou de adquirir as terras e como havia prometido sua esposa Dona Quitéria, construiu a primeira capela, onde hoje, está situada a Igreja Matriz de Santo Antônio. A primeira capela tinha sua estrutura em barro e era coberta de palha, no ano seguinte, foi substituída por uma com estrutura de tijolos coberta com telhas.
A história do desaparecimento e o fato do menino ter sido encontrado são e salvo, ainda a promessa feita por D. Quitéria, despertou a curiosidade dos moradores de toda a região atraindo assim um grande número de pessoas. Muitas delas, acabaram ficando e dando início a Vila de Santo Antônio do Salgueiro.
Elevada à condição de freguesia no dia 12 de maio de 1843, sob o nome de Santo Antônio do Salgueiro integrante da freguesia de Cabrobó.
30 de abril de 1864, esta foi a data que a freguesia de Santo Antônio do Salgueiro foi elevada a condição de município do Salgueiro pela Lei Provincial nº 580, quando foi emancipado do município de Cabrobó, tendo como primeiro intendente o Major Raimundo de Sá (filho do Cel. Manuel de Sá)."
Fontes: Prefeitura Municipal de Salgueiro
FONSECA, Homero. Pernambucânia - O que há nos nomes das nossas cidades.